rubrica de quem nasce aos 30 anos
a figura acredita que esperar é um dia santo enredado nos suspensos fios de sobrancelha da mãe
que olha por cima
ou três estômagos abaixo da fome: assim o faz para que se perceba.
calcula Gente de mãe boa escreve o que?
e por só ter pensado
conta nela uma eternidade de morar fisionômica
que pariu um filho fio - Assim se diz.
guarda - e ainda é nisso que se move: Extensão-mundo dada pela quantidade Fora, desde sempre .
o alagamento de exemplos vai de mãos dadas ao infinito com as situações que raptaram a figura a ser descrita ,
coisa dos 30 rolos de fita opaca cobrindo os relógios, um cada para o tamanho exato da investida -
espaço e tento.
Difícil tarefa de dar voz ao texto que disputa o tempo como canto: sem diminuir a página.
E (porque maior que o sujeito é a cópula)
Mostra o embrulho de frase em outra língua
num teclar de língua que não volta:
recorta a imagem selvagem para tempos industriais
como se estivesse convencido pelas grandes curas,
como se isso
como se ( essa gente não se toca?)
como se não tivesse que voltar para apagar a luz - dado que em voz alta seria um manifesto.
Lembra a aranha em casas de pouco sol se isso for mesmo estrela.
Ou vive a mesinha de estrangeiro que sabe o que sabe a mosca quando na direção da teia.
'Quanta autorização desfila essa máquina de lavar e ruir!' - do que a figura que não se autoriza em silêncio parece ocupar-se.
ou nadas como
'no peito um caderno crú frito na farinha de rosca e a aranha-bola-australiana descendo nos tubos da cirurgia-linha-amarela-do-metrô.'
cabeça de palestra sem palestra. Em voz de arvorismos, seu
projeto é o projeto - por ele mesmo - mudar de país, mas não ainda. Uma soma de não projetar, mas com que braços?
um livro novo no ritmo de calar diante a alfândega em cruel-realidade-caderno à frente. realidade-carderno no centro cenário silêncio.
Gosta de juntar palavras puras.
pensa que a palavra silêncio por si engolfaria centro e cenário.
Gosta de juntar palavras p-u-r-a-s.
Quanta autorização desfila essa máquina de lavar e ruir exposta no canto mais obsoleto de um espaço alugado.
põe na tela pra mim:
Dentro do caderno da palavra [Escola] escreveu
Tanque
enquanto a mãe-doméstica lavou escondida a Casa grande até revirar alguma chance em
profissão-educador para desfazer o [passaporteAvô]
onde estava escrito [Hospital Psiquiátrico do Juquiri]
que rancou dos velhos [os dentes] da [palavra cavaquinho] e qualquer outra coisa que fosse a música
um caderno de abrir [na Avó que escreveu mentira] na palavra mistério até enlouquecer por trinta livros [a palavra Pai]
presença viva como sempre viveu de [subir pelas paredes sempre externas dos edifícios mais nobres] feito uma palavra Pintor
mais parecida [com a aranha-bola-australiana dependurada num fio único de palavra amor dentro da garrafa]
tem saudade, mas
gente de mãe boa escreve o quê?
a Figura [olha] janela do quarto, escancarada de [luz e] dia
e por só ter pensado
outras vez calcula que é preciso fechar vidro e a parte de madeira
para então sentar à menor luz de uma miúda luminária
e mais uma vez [anoitecer] quieto
sem página se quer
por uma vírgula que o prepare
seria a figura
e colocaria todas as palavras que ama
em [conchas]
- incluo na Poética do Espaço a topologia dessa toca invertida: onde o começo que eu sou chutava a bola s.u.j.a (como se via, mas s.a.n.t.a. aqui) de terra na parede branca da casa, sem notar aquilo que me acenava a lição do barro - inverter a morada.-
Linhame
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terça-feira, 10 de maio de 2016
abraço fiosionômico - uma performance para retribuir minha mãe
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