Linhame

terça-feira, 10 de maio de 2016

abraço fiosionômico - uma performance para retribuir minha mãe

rubrica de quem nasce aos 30 anos
 a figura acredita que esperar é um dia santo enredado nos suspensos fios de  sobrancelha da mãe

 que olha por cima

 ou três estômagos abaixo da fome: assim o faz para que se perceba.


 calcula                                         Gente de mãe boa escreve o que?


e por só ter pensado 

 conta
nela uma eternidade de morar fisionômica

 que pariu um filho fio - Assim se diz.

guarda - e ainda é nisso que se move: Extensão-mundo dada pela quantidade Fora, desde sempre .

o alagamento de exemplos vai de mãos dadas ao infinito com as situações que raptaram a figura a ser descrita ,
coisa dos 30 rolos de fita opaca cobrindo os relógios, um cada para o tamanho exato da investida -
espaço e tento.

Difícil tarefa de dar voz ao texto que disputa o tempo como canto: sem diminuir a página.

E                              (porque maior que o sujeito é a cópula)

Mostra o embrulho de frase em outra língua
num teclar de língua que não volta:
recorta a imagem selvagem  para tempos industriais

como se estivesse convencido pelas grandes curas,
como se isso
como se                           ( essa gente não se toca?)
como se não tivesse que voltar para apagar a luz - dado que em voz alta seria um manifesto.


Lembra a aranha em casas de pouco sol se isso for mesmo estrela.

 Ou vive a mesinha de estrangeiro que sabe o que sabe a mosca quando na direção da teia.

'Quanta autorização desfila essa máquina de lavar e ruir!' -  do que a figura que não se autoriza em silêncio parece ocupar-se.
ou nadas como
'no peito um caderno crú frito na farinha de rosca e a aranha-bola-australiana descendo nos tubos da cirurgia-linha-amarela-do-metrô.'
cabeça de palestra sem palestra. Em voz de arvorismos, seu
projeto é o projeto - por ele mesmo - mudar de país, mas não ainda.  Uma soma de não projetar, mas com que braços?

  um livro novo no ritmo de calar diante a alfândega em cruel-realidade-caderno à frente. realidade-carderno no centro cenário silêncio.

 Gosta de juntar palavras puras.
 pensa que a palavra silêncio por si engolfaria centro e cenário.

Gosta de juntar palavras p-u-r-a-s.


Quanta autorização desfila essa máquina de lavar e ruir
exposta no canto mais obsoleto de um espaço alugado.

põe na tela pra mim:
 Dentro do caderno da palavra [Escola]  escreveu
Tanque
enquanto a mãe-doméstica lavou escondida a Casa grande até revirar alguma chance em
profissão-educador para desfazer o [passaporteAvô]
onde estava escrito [Hospital Psiquiátrico do Juquiri]
 que rancou dos velhos [os dentes] da [palavra cavaquinho] e qualquer outra coisa que fosse a música
um caderno de abrir [na Avó que escreveu mentira]  na palavra mistério até enlouquecer por trinta livros [a palavra Pai]
presença viva como sempre viveu de [subir pelas paredes sempre externas dos edifícios mais nobres] feito uma palavra Pintor
mais parecida [com  a aranha-bola-australiana dependurada num  fio único de palavra amor dentro da garrafa]

tem saudade, mas

gente de mãe boa escreve o quê?


a Figura [olha]  janela do quarto, escancarada de [luz e] dia
e por só ter pensado
outras vez calcula que é preciso fechar vidro e a parte de madeira
para então sentar à menor luz de uma miúda luminária
e mais uma vez [anoitecer] quieto
sem página se quer
por uma vírgula que o prepare

seria a figura
e colocaria todas as palavras que ama
em [conchas]

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